A terapia de casal tem como principal objetivo ser um espaço de sigilo, respeito e não de julgamento, a fim de acolher os clientes em suas demandas e especificidades individuais e enquanto sistema de relação afetiva, casal.
A partir desse acolhimento, o psicólogo utiliza técnicas e estratégias para auxiliar o casal a reconhecer e expressar seus sentimentos, angústias e insatisfações. Existem diversas abordagens que dão sustentação para a terapia de casal, mas cada psicólogo conduz sua prática a partir de uma abordagem própria. Dessa maneira, o modo como a intervenção ocorre varia de acordo com a escolha de cada terapeuta.
O que podemos identificar de traços comuns na terapia conjugal é o esforço do psicólogo em devolver o que o cliente apresenta no setting terapêutico para ele mesmo de maneira mais esclarecida. A partir desse olhar profissional sobre o que é trazido pelos clientes, um espaço de ressignificação das experiências se abre, o que viabiliza mudanças.
Por se tratar de um processo terapêutico em conjunto, tanto demandas individuais como do casal surgem e são trabalhadas no sentido da resolução de conflitos.
Podemos considerar então que, o principal objetivo da terapia de casal é trabalhar a relação a dois para que cada um assuma o que diz respeito a si mesmo e caminhe na vida conjugal com mais liberdade, tendo uma postura ativa e consciente de elucidação e resolução de situações da vida.
Muitas vezes as questões de conflito do casal dizem respeito ao próprio sistema de valores e crenças distintos onde cada um foi educado. Reconhecer as diferenças que advêm da história familiar de cada um pode auxiliar a respeitar as respectivas famílias de origem que também integram o novo sistema familiar do casal.
Esse trabalho de identificação de diferenças e construção de um novo núcleo familiar vem a serviço de dar lugar para os familiares de cada um dos cônjuges e minimizar conflitos com as famílias de origem. Como consequência, o casal tem mais liberdade e autonomia na sua nova configuração de família, seja de casal com ou sem filhos.
Mudanças no ciclo de vida do casal, muitas vezes vividos como momentos de crise na relação a dois, podem ser acompanhados na terapia. Assim, existe a oportunidade de rever esses momentos de mudanças como oportunidades de crescimento e reorganização da dinâmica da vida a dois.
A perda de filhos e adoecimento de algum dos cônjuges, por exemplo, também são situações que merecem atenção e cuidado especial, onde muitas questões são mobilizadas requisitando mais de um dos cônjuges que de outro.
Falhas de comunicação parecem estar na base de grande parte dos conflitos e insatisfações do casal. Quando esse problema é identificado e, apesar de esforços conjuntos, não se consegue chegar a uma medida mais resolutiva, a terapia tem grande valor.
Dentro do setting terapêutico, o casal encontra um ambiente protegido e de acolhimento para identificar a origem dos problemas de comunicação e trabalhar formas mais efetivas. Existem momentos onde questões individuais podem estar interferindo numa boa comunicação do casal.
A história pessoal e familiar de cada indivíduo também traz aspectos que se misturam e interferem na vida a dois, o que pode ser cuidado na terapia de casal. Ela de casal melhora a comunicação, resgata objetivos comuns, elucida a presença de competições, auxilia no enfrentamento e superação de infidelidades ou traições e pode trabalhar a questão da vida sexual conjugal.
Em situações onde questões da ordem da sexualidade estão envolvidas, o auxílio profissional se torna de fundamental importância, uma vez que essa é uma das bases de uma vida conjugal saudável.
Quando a vida sexual do casal está prejudicada, seja por disfunções sexuais de algum dos companheiros, seja por questões de desejo e procura, esse é um fator de peso para se considerar o auxílio do psicólogo. No caso de disfunções sexuais, pode ser necessário que algum dos cônjuges também precise de um acompanhamento especializado mais direcionado, além da terapia de casal.
A longo prazo, problemas na vida sexual podem levar a uma fragilização e rompimento de vínculos, diminuição da autoestima, estresse elevado, inseguranças, ou mesmo a situações de infidelidade e quebra de confiança. Mesmo nessas situações, existe a possibilidade desse vínculo ser reconstruído, se assim o casal o desejar.
Projetos de vida desencontrados ou dessemelhantes, distanciamento entre os cônjuges e desequilíbrios nas tarefas do cotidiano (desde questões financeiras, até fatores da organização da vida diária) são situações que geram problemas e, a longo prazo, podem desgastar a relação, trazendo mágoas e ressentimentos.
Identificar essas diferenças e traçar objetivos em comum, reconhecendo o que une o casal, é uma das intervenções possíveis de serem realizadas. Saber manejar as tarefas, reconhecer o lugar e o trabalho de cada um e equilibrar as responsabilidades, são medidas que auxiliam na redução do estresse e promovem vínculos mais saudáveis para a vida a dois.
A terapia de casal visa identificar, acolher e repensar formas de intervir e solucionar situações de sofrimento comum a ambos do casal. Esse processo deve ser estabelecido através do desenvolvimento dos recursos do próprio casal, favorecendo o equilíbrio dinâmico da vida a dois.