Depressão na infância e na adolescência

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Recebo muitos pedidos para escrever sobre comportamento infantil e adolescente. Mantenho sempre meu foco distante dos transtornos, tentando levá-los à reflexão sobre a vida humana dentro da sua naturalidade. Temos visto mudanças importantes em nossas crianças e adolescentes e eu costumo escrever sempre alertando e responsabilizando os pais pelo importante papel que exercem. Hoje, sendo um pouco diferente do meu estilo, quero trazer a vocês algumas informações sobre uma doença para que ela não seja confundida com os pedidos habituais de socorro visto em crianças e adolescentes, decorrentes da negligência e indiferença dos pais.

O Transtorno Depressivo Infantil é um quadro sério e capaz de comprometer o desempenho, o desenvolvimento e a maturidade psicossocial da criança e do adolescente. A maior dificuldade no diagnóstico e tratamento são os familiares que não acreditam que ela exista ou tentam minimizar o problema, influenciados  por teorias que afirmam que a depressão de origem exclusivamente ambiental, negando as origens biológicas da doença.

Outro fator que compromete o entendimento da depressão na infância e na adolescência é a grande diferença entre seus sintomas e os sintomas da depressão do adulto. Enquanto o adulto deprimido consegue falar sobre seus sentimentos, deixando clara a sua dor e, consequentemente, falar de seus sintomas; a criança e o adolescente não conseguem ter total consciência do que sentem. Dessa forma a doença só pode ser notada através de alguma atitude ou  comportamento característico.

Estão entre os sintomas da depressão na infância e na adolescência a autodepreciação, a instabilidade de humor, os distúrbios do sono, a perda de apetite e/ou de peso, a falta de vontade, a perda da socialização e queda no desempenho escolar e a modificação do comportamento na escola. A presença de alguns desses sintomas já pode caracterizar a doença. A depressão na criança ou no adolescente pode ser inicialmente percebida como perda de interesse pelas atividades habituais, tal como uma espécie de aborrecimento constante diante de coisas que antes ele fazia frequentemente como jogos, brincadeiras, esportes, sair com os amigos, escola, etc. Além dessa apatia, há a preguiça e a redução significativa da atividade. Em alguns casos notamos também a tristeza.

Estão enganadas as pessoas que dizem que as crianças não ficam deprimidas porque não têm problemas e que depressão em adolescentes é normal. Quem disse que precisa ter problemas para ter depressão? Quem disse que depressão é normal? Problemas podem proporcionar tristeza, ansiedade, angústia, mas depressão é outra coisa. É claro que as vivências podem agravar ou desencadear estados de humor problemáticos, entretanto a depressão não é uma resposta imediata e automática para as vivências. Depressão é uma doença, um transtorno afetivo, uma disfunção cerebral com sólida base bioquímica.

 

 

Em caso de suspeitar que a criança e/ou o adolescente estão deprimidos observe as mudanças de comportamento. Essas mudanças no comportamento podem ser decorrentes do desenvolvimento da depressão. Quanto mais súbitas, mais importantes elas são. Assim, diante da depressão, crianças antes bem adaptadas socialmente passam a apresentar condutas destrutivas, agressivas, com a violação de regras sociais anteriormente aceitas, oposição à autoridade, preocupações e questionamentos de adultos.

Tendo em vista a importância das mudanças de comportamento infantil, pais e professores devem ficar atentos para acontecimentos que chamam atenção, que sejam incomuns se comparadas estatisticamente à maioria das crianças na mesma faixa etária e situação sociocultural.

Ao se pensar no tratamento o passo mais importante é ter certeza do diagnóstico. É necessário avaliar o grau da doença e sua origem. Nas crianças menores a probabilidade de existir forte componente orgânico é maior, principalmente se houver antecedentes familiares de transtorno afetivo. Nas crianças em idade escolar a depressão pode ser também reativa, ou seja, desencadeada ou determinada por questões vivenciais (bullying, violência física, sexual, maus tratos, falhas educacionais, prejuízos acadêmicos, etc.) As eventuais complicações do quadro depressivo, geradas por eventos ambientais – sejam causas ou consequências -devem ser avaliadas para acompanhamento psicoterapêutico paralelo ao tratamento médico-psiquiátrico.

 


Fonte: Viviane Battistella, em Psicologias do Brasil


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